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domingo, 14 de abril de 2024

A vida em preto e branco

Eu não vou chorar novamente. Prometo pelo menos, tentar. É que os pensamentos surgem na minha mente feito milho estourando na panela e virando pipoca. Acordei nessa sexta-feira bastante reflexiva e com o astral baixo. Não consigo parar de pensar em como os reforços negativos que recebi a vida inteira me afetaram e se fixaram na minha cabeça. Fecho os olhos e relembro as frases: "você nunca vai conseguir", "isso não é pra você", "ninguém nunca vai gostar de você", "seu destino é viver sozinha", "se enxerga. Feia, mole, com filho", sempre coisas do sentido de que deveria me contentar com o 'pouco' que tinha, pois para alguém como eu, já era muito.
Saí da cama hoje com a sensação de fracasso, mesmo tendo consciência de que mesmo com passos lentos, consegui fazer coisas que não imaginava realizar. Porém, ainda assim, não consigo me sentir feliz por isso. Estranho como tenho a sensação de que desperdicei a minha vida e que todas as minhas escolhas foram erradas.
Não paro de pensar em como gostaria de zerar tudo e recomeçar, de fazer muita coisa diferente para que hoje não me sentisse tão inferior como me sinto. Como me deixei ser tão destratada, humilhada e ridicularizada a ponto de fazer com que eu duvide de mim todo o tempo?
Às vezes fico pensando que jamais sentirei orgulho de mim, pois além de ter a necessidade de provar pro mundo o meu valor, me convencer de que sou merecedora de qualquer conquista mínima, é difícil.
É como se eu fosse uma pessoa ruim, sabe? Aquele tipo que colhe o que planta, logo, não pode reclamar de nada. Será que eu não consigo enxergar os meus defeitos e só estou recebendo do universo aquilo que eu ofereço pro mundo diariamente?
Parece que eu não saio do lugar, mesmo batalhando por mudanças.
Comecei a escrever na sexta-feira, dentro do metrô, no caminho para o trabalho, enquanto lágrimas insistiam em rolar e eu tentava inutilmente impedir que saíssem dos meus olhos. Retomei a escrita hoje, domingo, depois de assistir um filme policial cuja a trilha sonora era "O que sobrou do Céu" do O Rappa. Fechei os olhos, cantei como se só existisse eu no mundo e comecei a chorar novamente. Não sei explicar o que estou sentindo, não é bem uma tristeza, é um vazio, sei lá...  não estou conseguindo lidar com a alegria, acho que os sorrisos estão me incomodando. Nunca pensei que fosse me sentir assim um dia, coisa pesada de se falar, né? Mas, é isso que tô sentindo.
Cada vez sinto mais vontade de focar sozinha, quieta, em silêncio. Atualmente ouvir música dentro de casa é coisa rara de acontecer, música só no sair e voltar pra casa que é pra dar uma força na ida e no retorno, tenho valorizado cada vez mais o silêncio, a sensação de paz que ele me causa. 
Parece que sou um desenho em preto e branco no meio de uma animação repleta de cores, achando tudo à minha volta meio fora de contexto, sem graça. Tô ficando chata de verdade, e essa fase mais fechada acho que vai me fazer perder alguns dos meus amigos. Nem todo mundo entende essa necessidade de se manter mais reclusa, mais distante e mais sozinha. 

quarta-feira, 13 de dezembro de 2023

O fim do ano

A vida têm ficado cada vez mais corrida. A cada dia que passa são mais tarefas à fazer. E enfim me dei conta, 2023 acabou.
Desde que dezembro começou, iniciou-se uma nova crise de ansiedade/depressão. Eu nem sei mais distinguir uma coisa da outra, pois os sintomas são tão ruins, angustiantes...
Perdi a vontade de sair, sinto cada vez mais vontade de ficar sozinha, isolada dentro de casa. Às vezes eu queria desabafar na intenção de aliviar esse peso dentro do meu peito, mas é justo com qualquer outra pessoa despejar meus medos, frustrações e problemas?
Todo mundo tem os seus problemas, as suas inseguranças que muitas das vezes não fazem ideia de como resolver. Não acho certo alugar os ouvidos de outra pessoa com os meus problemas, quando ela já possui os dela pra se preocupar. 
Tenho chorado bastante ultimamente, tenho me questionado sobre infinitas coisas. Fiz um investimento mal sucedido, gastei o que não podia no cartão de crédito comprando insumos para a produção de pães recheados. Vendi 3 fornadas, e acabei distribuindo boa parte da produção. O que lucrei, não cobre 20% do que gastei. Como vou pagar? Eu também não sei. E como boa capricorniana que gosta de ter tudo sobre controle, essa é uma das coisas que está tirando meu sono.
Percebo que me afastei dos meus amigos, não de forma brusca e nem intencional, mas a correria da vida e meu desejo de me fechar têm contribuído fortemente pra isso. Percebo que alguns estão chateados com a minha ausência, mas não me sinto bem pra socializar. E é chato estar em um lugar, na presença de alguém que claramente não quer estar alí. É uma situação desconfortável. Nas últimas semanas, alguns amigos meus perderam entes queridos, e sinceramente, eu não sei lidar com isso. A atitude que consigo tomar é me afastar um pouco, deixar a pessoa processar o momento de dor na dela, em paz. Eu não sou "good vibes", e esse meu momento mais introspectivo não me deixa enxergar a vida como um lindo girassol. Se eu preciso de tempo e silêncio pra ressignificar algumas coisas, acredito que as outras pessoas também precisem. Espero que consigam me entender em algum momento.
Há alguns dias eu acordo com o coração acelerado, agitada e absurdamente cansada. Ultimamente tenho rezado para o tempo passar rápido, para o feriado chegar, para no ano acabar. Venho pensando bastante sobre o meu trabalho e a maneira como ele vêm me consumindo mentalmente. Queria não me preocupar como me preocupo, contudo é algo que não consigo mudar. Me sinto responsável demais por tudo que acontece, e a possibilidade de cometer um erro me desespera. Eu sonho com o trabalho, acordo muitas vezes assustada, e quantas crises de choro na madrugada com medo?
Hoje acordei muito angustiada, meu peito parece que vai explodir, pensei em chegar no escritório e avisar que ano que vem não vou conseguir continuar. Em seguida, pensei que não sei fazer outra coisa além do que faço, que preciso de um emprego que me pague no mínimo a mesma coisa que recebo hoje, para conseguir me sustentar e quando penso nas contas, meu coração acelera ainda mais.
Minha faculdade? Falta 1 ano,  e, agora, 4 estágios. Não faço ideia de como vou fazer pra concluir! Tô me sentindo perdida. No escritório, não tenho tempo pro estágio, e sem estagiar, não me formo. Olha a sinuca!
Ansiedade à mil, por vários dias me peguei comendo incessantemente, ainda que sem fome. Vi que era ansiedade, porém não consegui me parar. É como se comer me desse uma satisfação momentânea, como se estivesse jogando areia pra tapar um buraco. Só que o buraco existe, é fundo e logo reaparece. Subo na balança e vejo os números que antes desciam ou se mantinham estáveis, subindo gradativamente. Me observo no espelho e não consigo mais gostar do que vejo, me enxergo feia. Em seguida, os fantasmas do passado me assombram novamente com uma força descomunal, cenas voltam à minha cabeça como um flashback e consigo até ouvir as vozes: "Olha pra você, ridícula"; "Ninguém nunca vai te querer. Você vai morrer sozinha"; "Está se achando a Barbie, bonita? Deixa alguém tirar a sua roupa pra ver a merda que é"; "Viu as pessoas te olhando e comentando? Você não sente vergonha? Eu senti!"; "Nenhum cara vai ficar com você, eles vão te usar, vão te comer e só".
Ontem no metrô, ouvi parte de um diálogo entre 2 amigas que estavam do meu lado. Elas falavam sobre o caso da Preta Gil que foi traída duplamente, pelo marido e pela amiga. No decorrer da conversa, uma delas fez a seguinte constatação: nenhum cara 'bonito', com o corpo trabalhado fica com uma gordinha. Eles dizem que gostam, pegam, mas não assumem. Pra sociedade, eles preferem uma mulher "'que se cuida", na linguagem deles, é questão de saúde e não só de estética. Eles ficam com as mais gordinhas, mas pra assumir relacionamento, não rola, sentem vergonha.
Aquilo grudou na minha cabeça feito chiclete na sola do sapato. Fiz uma reflexão com base na minha vida, e percebi que é real. Quantos caras me procuram até hoje, muitos casados, que me conhecem desde a minha adolescência. Alguns já passaram pela minha vida, e basta só uma oportunidade pra uma brincadeira de duplo sentido, que a intenção vem a tona. Quantas vezes já ouvi "você é uma mulher linda, incrível, merece alguém que te valorize". Hoje quando escuto ou leio algo assim, dou risada. Fica óbvio que se for pra ser amante, um caso, eu sirvo. Deve ser por isso que estou sozinha há quase 4 anos. Qual seria o motivo de ser uma pessoa muito legal, agradável, bonita, mas não ser boa o suficiente para um relacionamento?
Tem horas em que tudo se soma e me sinto um fracasso total. É uma nuvem pesada e escura de temporal que se instala acima de mim e fica, deixando tudo cinza e cheio de névoa, triste e frio. Em alguns momentos só sinto vontade de sumir, de desaparecer, como se assim esse aperto no meu peito pudesse ser aliviado. Será que se fosse possível arrancar o coração do corpo, essa dor sumiria?
Faltam 5 dias de trabalho até que a pausa do recesso de fim de ano comece, e a sensação que tenho é de que serão os 5 dias mais longos e cansativos da minha existência. Eu só queria que tudo acabasse logo!

sexta-feira, 14 de abril de 2023

Crise da meia idade

Tá, eu sei que faz um tempo absurdo que não passo por aqui. Tanta coisa nova aconteceu nesse intervalo, e ao mesmo, parece que tudo continua exatamente igual. Coisa meio de maluco, né?!rs
Hoje eu acordei ainda mais pensativa sobre a minha vida, minhas conquistas, minhas escolhas. Ontem, saí de casa pela manhã, bem cabisbaixa, entristecida, me questionando se estava no caminho certo, tentando não me culpar por estar perto dos 40 anos e não ter conseguido alcançar nada.
As lágrimas foram escorrendo discretamente enquanto eu caminhava pela rua, e me senti frustrada, sem propósito. O que eu fiz até aqui? Era a pergunta que vinha à minha mente, e a resposta era automática: "nada". Eu perdi tempo de vida nesses 37 anos? As únicas decisões "certas" e realmente importantes foram o nascimento do meu filho e a minha cirurgia. De resto, parece que foi só tiro no pé. 
Será que é a tal da crise da meia idade? É isso mesmo? A gente fica se questionando infinitamente sobre a vida? Nos últimos dias tenho pensado muito sobre como eu mudei o meu jeito nos últimos anos, mais ainda nos últimos meses.
Conversando com a minha irmã há uns dias atrás, comentei a respeito de uma coisa que eu fazia toda sexta-feira, e desde que meu pai morreu, não tenho mais ânimo, a minha "resenha de eu comigo mesma". Evento que eu fazia praticamente toda sexta-feira após chegar do trabalho, com som alto, clipes na televisão da sala, petiscos, cerveja gelada ou drinks, para tirar o peso da semana com os problemas do escritório, uma maneira que eu encontrei de aliviar a tensão, extravasar, relaxar, mesmo que sozinha na sala de casa.
De uns meses pra cá eu voltei à ter crises de ansiedade, às vezes, sinto que elas estão ainda mais fortes, me consumindo e tirando o meu ar de forma literal, até. 
No escritório, muitas transformações e mudanças, numa visão ampla, as coisas melhoraram, mas o meu medo de errar tornou-se ainda maior. Mês passado, eu cometi um erro grave, erro que eu mesma, ainda não fui capaz de superar. Isso me abalou bastante, fiquei dias sem conseguir dormir, com um aperto no peito me dando a sensação de que não conseguiria respirar. Trabalho com Direito há 18 anos, e nunca havia passado por tal situação, me desesperei, me vi sem chão, pois sei da minha responsabilidade, e antes mesmo de temer o julgamento do meu superior, o meu próprio julgamento era o que estava me fazendo surtar. Simplesmente não conseguia parar de pensar, foram mais de 7 dias agoniada, com a sensação de que meu peito explodiria à qualquer momento, pensando em desistir de tudo. Realmente, conviver com essa coisa de ansiedade não é nada simples, é de enlouquecer mesmo!
Depois disso, venho tendo essa sensação constantemente, parece que estou sempre com o "alerta ligado", como se minha mente estivesse esperando por algo ruim no minuto seguinte. Em alguns momentos o coração acelera muito, dá uma sensação de pânico, muito, muito medo. A vontade de chorar chega, o corpo arrepia, vai dando frio, como se uma nuvem muito escura e carregada me envolvesse, e a tempestade devastadora pudesse desabar no instante seguinte.
Quando lembro da Joseane de 1 ano atrás, penso em uma pessoa diferente. Não posso dizer que era feliz, pois faz tempo que não me sinto assim, mas é como se tivesse perdido o meu brilho, me sinto um tanto quanto apática, sinto um vazio por dentro, como se tivesse faltando algo. Penso e choro, pois não sei o que fazer, como agir. Acho que na verdade, nunca mais vai ser como já foi. Me questiono o que aconteceu de errado, o que fiz de errado. Bate uma dúvida que me consome, e faz com que me sinta ainda mais perdida, será que estou mesmo no caminho certo?
Queria ser dessas pessoas decididas, fortes que seguem em frente sem olhar para trás e não se questionam, mas depois de algumas escolhas péssimas, não confio mais no meu próprio julgamento e fico com receio de fazer tudo errado novamente e passar por toda dor e sofrimento outra vez.
Eu tomei um tombo há 3 anos, e parece que não consegui me levantar desde então. Como se tivesse fraturado a perna, e não sentisse mais segurança pra ficar de pé e apoiar o peso,  sabe?! 
A verdade é essa, venho me sentindo péssima, fraca, desanimada e por muitas vezes com vontade de jogar tudo pro alto. Com saudade da Josie que fui, de como me divertia, de como me sentia leve, sem essa agonia dentro de mim, e ao mesmo tempo, sem fazer a mínima ideia do que fazer para resgatá-la.
A vontade que tenho é de sair por aí sem rumo, só seguir, observar as paisagens, esvaziar a mente, deixar as lágrimas rolarem e procurar não me preocupar com mais nada, só esquecer. Esquecer tudo, esquecer essa vida.

sábado, 13 de novembro de 2021

Paradoxo

Tem alguns dias que estou sentindo que as coisas não estão normais. Achei que se tratava de um problema espiritual, mas pelo que estou percebendo, não é só isso. 
O choro desmotivado voltou, a dor sem explicação, as crises de ansiedade com o coração disparando, mãos trêmulas e sensação de pânico. 
Às vezes acho que estou enlouquecendo. Tenho pensamentos suicidas, flashes iguais esses que vemos em filmes e novelas, com cenas já vividas e cenas hipotéticas. É assombroso!
Em vários momentos me questiono o que estou fazendo nessa vida, me sinto impotente, fraca, acho que não vou dar conta. As paredes estão se aproximando novamente, a claridade está sumindo no túnel...
Procuro não pensar, ocupar a mente, mas nem sempre dá certo. Há semanas não durmo direito, não relaxo. É um paradoxo. Sinto necessidade de me divertir, preciso dançar, sair, dar risada, ver meus amigos, e ao mesmo tempo, não tenho cabeça pra nada disso, quero ficar quieta, perdida no silêncio da minha própria companhia.
Estou feia, gorda e não sinto mais vontade de me arrumar. Fico triste, penso em infinitas saídas, mas no fim, tem um pacote de biscoitos do meu lado, como se fosse um vício incontrolável.
Tanto esforço, parece que estou jogando tudo fora. Estou  fazendo tudo errado, tudo errado... no fim, eu fecho os olhos, respiro bem fundo e só tento me acalmar. 

sexta-feira, 29 de outubro de 2021

Sol volte a brilhar

De fato eu não gosto de dias nublados, frios. Não sei se possui mesmo algum tipo de conexão com o lado espiritual, mas dias assim me deixam pra baixo, melancólica. Estava bem, até que ouvi uma música no rádio, que me levou diretamente para um período completamente diferente da minha vida em questão de segundos. E por mais que eu tentasse não pensar, e nem me lembrar de nada, revivi infinitos momentos. E agora? Agora estou aqui às lágrimas (mesmo depois de ter prometido que nunca mais iria chorar), desejando sumir no mundo. Sabe aquela vontade que dá de entrar no carro, pegar a estrada com o som bem alto e sem destino certo? Era tudo que eu queria fazer agora. Viajar, sumir, e só curtir o momento, esquecendo-me do passado e sem pensar no futuro.

Necessidade de um colo, de um sorriso contagiante, de energia boa, solar. Têm alguns momentos em que me sinto tão perdida, tão sem saber o que fazer, ou pra onde ir... Venho segurando a onda já fez alguns meses, acho que desde julho não fico assim pra baixo, mas é tão difícil isso de ser forte o tempo todo. Às vezes sinto uma falta enorme de ter com quem conversar sobre as coisas do cotidiano, de ter alguém pra quem eu possa fazer uma comida especial, alguém com quem eu caia na gargalhada antes de dormir, tirando dos ombros o ‘peso’ do dia inteiro.

Tudo está tão difícil em todos os sentidos. Nem é questão de pensar em desistir, mas o medo do fracasso está me assombrando de uma maneira violenta, sensação de que não vou dar conta. Alguns dias eu simplesmente não consigo fazer absolutamente nada. Fico meio que congelada, tentando organizar os pensamentos pra focar no que importa, mas a luta interna acaba sendo em função de não pensar no que me desestabiliza. Quando dou por mim, mais uma noite se passou e não fiz o que deveria fazer. Não andei pra frente, não saí do lugar.

Estou envelhecendo, o espelho me confirma isso todos os dias, as fotos comprovam o inevitável. O tempo está passando, não estuo conseguindo acompanhar. Esses dias eu pensei, estou com 35 anos, caminhando pros 36 e o que conquistei até agora? Nada. Metade da minha vida se foi e quais frutos eu rendi? Qual o legado que vou deixar pro meu filho?

Sei que chorar não vai mudar nada. Mas, pra aliviar o aperto que fica no meu peito me sufocando, deixar as lágrimas escorrerem é o melhor. Decidi que não vou ficar me entupindo de remédios, e que nem vou ficar mergulhando em garrafas de destilados. Têm certas coisas que a gente precisa encarar, sentir na pele até superar. Vou mais uma vez tentar, enfrentar meus demônios, meus medos, a solidão. Eu já passei por isso outras vezes na vida, e achei que seria mais fácil dessa vez. Mas, não sei se já estou velha, e por isso a dificuldade. Estou me apegando na minha religião, suplicando, pedindo orientação, luz no meu caminhar, direção para que não me perca nos caminhos tortuosos da vida. Minha Mãe há de me ajudar, e se ainda não caí, com certeza foi pela minha fé.

Que essa tristeza passe logo, que o Sol volte a brilhar e que minha força se renove!

sexta-feira, 2 de julho de 2021

Eu mereci aquilo? Sou digna disso?

Hoje é mais um daqueles dias em que eu queria um colo pra deitar e chorar até cair no sono. 
Aqueles inúmeros porquês pipocando na minha mente como fogos de artifício em noite de ano novo. É praticamente impossível não questionar os motivos que me trouxeram aqui, que me fizeram desfazer meus planos e sonhos.
Abri mão de um sonho ao abandonar a faculdade, e pelo menos, tive cabeça pra investir o dinheiro em mim, no meu plano de saúde e consegui fazer a minha cirurgia. Acho que foi a única boa escolha que fiz nesses 35 anos.
Dei uma nova chance pra um amor que só eu sentia, idealizei uma vida, investi tempo, dinheiro e dedicação. Dei com a cara no muro de chapisco.
Demorei pra me refazer, precisei abrir mão de um outro grande sonho que estava perto. Me levantei às duras penas, passei à ser sozinha, responsável por uma casa que eu não tinha condições de sustentar plenamente, sem deixar de lado minhas obrigações com meu filho.
Quantos julgamentos! Ouvi coisas que não merecia, apertei o cinto pra conseguir me reestruturar. Levantei. Quando achei que havia vencido, rendi-me. 
Outra vez, abaixei a guarda. Dessa vez, eu acreditei mesmo que era hora do meu conto de fadas. Fui feliz demais, família, filhos, casa. Ganhei um carro de presente, me sentia amada no sentido mais pleno. 
Só que acabou. Passou. E por acreditar no tal conto de fadas, acabei perdendo o pouco de independência que tinha. Por confiar em alguém que não era eu, fiquei sem o meu lar.
O desespero bateu quando me vi sem ter pra onde voltar, pois havia feito uma escolha ao dar um passo à frente. Naquela altura, era impossível bater no peito e dizer que não dependia de ninguém. 
Não tinha muita saída, e confesso que, por orgulho também, não abaixei a cabeça e nem pedi por favor. Fiz a escolha que julguei mais próxima da minha realidade, mesmo que, pra isso, tivesse que abrir mão do papel de mãe, na prática. 
Tô tentando, tô seguindo. Tô buscando um caminho, mesmo que ninguém saiba do que se trata. Ainda que não tenha apoio, não tenho ninguém com opiniões contrárias, jogando cal por cima de tudo.
Mas, em contrapartida, eu não tô confortável. Tô me sentindo em dívida, tô me sentindo um peso, mesmo que dessa vez, eu não esteja sendo tratada assim. É tudo com tanto amor, com tanto carinho, que não tô acostumada e não sei como não me sentir incomodada. É controverso, pois, ao mesmo tempo em que me sinto extremamente feliz e grata pela oportunidade, carrego uma angústia de estar sendo oportunista, abusada.
Eu preciso retribuir de alguma forma, necessito devolver essa consideração!
Essa última semana que passei em casa, tenho pensado bastante nisso. Tentando encontrar uma alternativa, algo que faça eu me sentir merecedora desse amparo. Tô rezando pra encontrar essa saída o mais breve possível, não por cobrança externa, que não há, nem nunca houve. Mas, por uma questão pessoal, interna, pra que eu me sinta capaz, digna de estar onde estou, de viver como estou vivendo e de buscar alcançar meu objetivo. 
Por hora, só posso reiterar o que venho repetindo infinitas vezes no último ano, sou pura gratidão e nem que viva mil vidas, seria capaz de retribuir à altura todo o apoio que recebo. Gratidão a Deus e ao universo por ter posto um anjo na minha vida que, sem dúvida, me tirou da escuridão.

quarta-feira, 12 de maio de 2021

Tentando manter a fé

A ansiedade é uma merda mesmo. Cheguei em casa e a Internet continuava ruim. Mandei mensagem pra empresa e descobri que a mensalidade estava atrasada. Pedi o boleto pra efetuar o pagamento. Quando recebi, o susto. Caiu a ficha de que talvez eu não consiga me manter sozinha. Escola e transporte do filho, condomínio, luz, gás, Internet, compras de mês, cartão de crédito e meus estudos não estão cabendo dentro do meu salário. 
Foi o suficiente pra que eu não conseguisse mais me concentrar, fiquei sem cabeça pra focar nas aulas. Na minha mente só infinitos questionamentos de como ganhar um pouco mais de dinheiro pra não precisar depender ainda mais da compaixão das pessoas.
Tô com muito medo de não conseguir. Sei cozinhar, mas não sei o que poderia fazer pra explorar esse lado. Gosto de artesanato, mas alguém realmente consegue viver disso? Ainda mais eu que só tenho algumas horas livres por dia depois que saio do escritório.
Pra onde eu vou? Como eu vou fazer pra tirar tudo daqui? Tem horas que dá vontade de desistir de tudo e sumir. Tô me sentindo sem saída, sem horizonte, com as paredes apertando e me espremendo.
Tô procurando manter a fé, mas não está fácil não.